Crianças, adolescentes e Covid-19

Crianças, adolescentes e Covid-19

A COVID-19 na área da pediatria é algo intrigante mesmo. Ninguém ainda sabe explicar o porquê crianças e adolescentes apresentam em sua maioria, formas clínicas leves ou assintomáticas, assim como raras ocorrências de casos graves. Ainda bem.

Várias hipóteses foram formuladas para tentar explicar esse fenômeno, porém as suas razões ainda são incertas. Levando em conta o atual comportamento da COVID-19, no Brasil em 2021, com aumento substancial no número de novos casos da doença, hospitalizações e mortes e a identificação de novas variantes do SARS-CoV-2, meus colegas médicos e eu julgamos ser muito importante o monitoramento das características da COVID-19 em crianças e adolescentes.

Com base nos dados oficiais apresentados pelo Ministério da Saúde, os Departamentos Científicos de Imunizações e Infectologia,  junto à Sociedade Brasileira de Pediatria, fizeram uma análise das taxas de letalidade da COVID-19 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos.

Concluiu-se que, até o presente momento, no ano de 2021, foi observado uma menor proporção de hospitalizações, menor proporção de mortes e menor taxa de letalidade nas crianças e nos adolescentes de 0 a 19 anos em comparação ao ano de 2020.

A análise contínua e o monitoramento do comportamento da doença nos diversos grupos etários é uma ferramenta fundamental de vigilância para que se compreenda a epidemiologia da COVID-19.

Espero muito que com o avanço da vacinação nas populações alvo (idosos, portadores de comorbidades, vulnerabilidades), tenhamos uma diminuição substancial das mortes e das hospitalizações nestes grupos prioritários.

Lembro ainda da necessidade de realizarmos estudos de segurança e de imunogenicidade com as atuais vacinas para COVID-19 em crianças e adolescentes, com o objetivo de estendermos a este grupo o benefício da vacinação.

Esta estratégia servirá não apenas para proteger as crianças e adolescentes de formas graves, mas também para ajudar a controlar a transmissão do vírus na nossa população.

Enquanto esses estudos e ações estão caminhando, temos que continuar fazendo a nossa parte: manter distanciamento social, usar máscara e higienizar sempre as mãos.